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“Procedimentos contra o vazio”, por Joca Terron

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Texto de Joca Terron publicado no caderno Ilustríssima, da Folha de S. Paulo (22/09/2013) sobre Raymond Roussel, que terá dois livros lançados esse ano pela C&B

São tempos magnéticos para o nome, algo obscuro, de Raymond Roussel. Diversos acontecimentos dedicados à vida e à obra do poeta, escritor e dramaturgo francês, nascido em Paris em 1877 e suicidado em um hotel da Sicília em 1933, procuram ampliar seu público reduzido -porém riquíssimo, segundo o editor Jean-Jacques Pauvert: “Não dá mais para contar os artigos e livros consagrados a Roussel. Em compensação, podem-se contar facilmente seus leitores. Mas que leitores!”.

Entre os elogios feitos a Roussel por leitores ilustres, Pauvert recorda que Marcel Proust o via como “um prodigioso conjunto de ferramentas poéticas”. Entre os surrealistas, uma tríade notória assim o definiu: “o maior magnetizador dos tempos modernos” (André Breton); aquele que “nos mostra tudo o que não foi; apenas essa realidade nos importa” (Paul Éluard); “a estátua perfeita do gênio” (Louis Aragon). Por fim, resumindo, disse o escritor Jean Ferry: “Depois dele, vem toda a literatura moderna”.

A influência de Roussel sobre movimentos artísticos do século 20 foi resumida, no ano passado, na exposição “Locus Solus – Impressões de Raymond Roussel”, montada em conjunto pela Fundação Serralves, de Portugal, e pelo museu espanhol Reina Sofía (passando também pela Biblioteca Nacional francesa), com grande afluência de espectadores.

“Locus Solus” (1914) é também o título do principal romance de Roussel. O livro protagoniza o mais recente e mais interessante –para o leitor brasileiro– capítulo dessa nova vaga de “rousselmania”. Em tradução de Fernando Scheibe, “Locus Solus” ganha, em novembro, edição pela Cultura & Barbárie.

Simultaneamente, a editora catarinense lança a coletânea “Como Escrevi Alguns de Meus Livros”, organizada e traduzida por Fabiano Barboza Viana (como Scheibe, rousselmaníaco de carteirinha).

A seleção inclui o ensaio considerado seu testamento literário (e de fato deixado com seu advogado, com orientações restritas para sua publicação póstuma), além do conto “Entre os Negros” (que em 1910 daria origem ao volume “Impressions d’Afrique”) e do capítulo inicial do estudo “Da Angústia ao Êxtase”, do psiquiatra Pierre Janet, precursor da psicanálise, mestre de Jung e médico de Roussel.

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Leia também um trecho da tradução de Locus solus >>>



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